Porto capital de distrito, e poderá também dizer-se capital do norte, assume um enorme legado histórico de notável papel no desenvolvimento, resistência e cultura do nosso país. As várias ocupações que aqui prosperaram, tiveram sempre um denominador comum - o rio Douro.
A navegabilidade do rio aliada à estreita ligação ao Atlântico potenciaram a orientação mercantil e naval. Daqui partiram muitos navegadores e naus rumo ao desconhecido, e chegaram muitos outros com bens e mantimentos que abasteciam toda uma região. As tradicionais "Tripas à moda do Porto", hoje embaixador da gastronomia local, deriva do nobre ato dos populares cederem aos navegadores que partiam em expansão marítima (século XIV-XV) toda a "carne limpa", deixando para seu consumo apenas as tripas e gorduras.
Importa igualmente destacar a reconquista cristã e fundação do Condado Portucalense por Vímara Peres (século IX), a administração religiosa pela mão do bispo D. Hugo (século XII), e a invencibilidade das tropas e populares no cerco militar que se prolongou por um ano, levado a cabo pelos absolutistas nas Guerras Liberais (século XIX).
Estes são os periodos que mais vincaram a génese da cidade e que conduzem à ostentação do título Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta.
A devoção religiosa teve um papel central durante muitos séculos. E esse legado continua bem presente nas formas, cultura e tradições da cidade. Apesar do património/espólio religioso variar em grande maioria do século XV ao XVIII, existem raízes bem mais antigas que merecem ser assinaladas. Numa fase em que o cristianismo tinha avanços e recuos frequentes nas disputas de território, uma armada oriunda do sudoeste da região onde hoje encontramos França, foi surpreendida ao desembarcar na cidade, uma vez que estava tomada pelos Mouros (século X). Pulsantes, fizeram uma grande investida aos que tomavam a cidade, e prontamente auxiliaram as populações e reconstruir a cerca defensiva.
Nessa armada seguia também o bispo D. Nónego. Este, em jeito de agradecimento à vitória dos Gascões e eterna proteção da cidade tratou de oferecer uma imagem da Virgem Maria aos habitantes para devoção. A imagem é originária da vila de Vêndome, e daí a conjuração de Nossa Senhora da Vandoma.
Embora venerada como padroeira e presente nas armas/brasão da cidade, a maior festividade "religiosa" do Porto acontece a 24 de junho celebrando S. João! É sem dúvida a noite mais longa do ano, atraindo milhares às ruas, e desde tempos remotos festejando o início do solstício de verão e, com ele, a fertilidade das terras e as perspectivas de boas colheitas.